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Companheira de Jorge Moreth, nega agressão e afirma ter sido induzida a registrar ocorrência

Em entrevista exclusiva, a companheira de Jorge Alberto Moreth, conhecido como “Beto Bomba”, preso no dia 3 de junho pela 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna, acusado de lesão corporal com base na Lei Maria da Penha, negou ter sido agredida e afirma ter sido induzida por policiais a prestar depoimento e realizar exame de corpo de delito contra a sua vontade.

Ela relatou que a discussão com Jorge ocorreu por conta de ciúmes, em meio a uma crise no relacionamento. Segundo a mulher, ela mesma teria agredido o companheiro durante o desentendimento, e foi quem ligou para a polícia porque queria apenas sair da casa naquele momento.

“A briga começou por ciúmes. Joguei minhas roupas pela janela, queria ir embora. Liguei pra polícia, e ele, calmo, falou: ‘Pode ligar, que eu vou com você’. Eu tava nervosa, faço uso de remédios pra depressão, síndrome do pânico… às vezes tenho rompantes exagerados”, contou.

Ela afirma que, ao chegarem ao local, os policiais a forçaram a ir para a delegacia, mesmo ela insistindo que não queria registrar nenhuma denúncia.

“Eu disse que não queria ir, que já tinha dado, era coisa de casal. Mas os policiais disseram que eu era obrigada, que não iam embora sem me levar. Me obrigaram a ir, me obrigaram a fazer exame de corpo de delito. Eu falei que não queria fazer. O policial disse que eu era obrigada.”

Na delegacia, segundo ela, a situação já estava definida: Jorge ficaria preso. Ela afirma que tentou falar com o delegado, pedindo para que ele não fosse detido, mas ouviu que a prisão já estava feita.

“Quando eu vi, ele já tava preso. Fui falar com o delegado, disse que não queria que ele fosse preso. Mas ele falou: ‘Você pode ir embora que ele tá preso’. Eu fiquei desesperada. Não era pra ser aquilo. A coisa tomou uma proporção muito maior do que precisava.”

Ela também questiona o que foi registrado no laudo do exame de corpo de delito, já que, segundo ela, não havia interesse da sua parte em denunciar Jorge, e que marcas no corpo eram de outras origens.

“Eu nem sei o que ele escreveu no laudo. Eu trabalho em casa, sou branca, me bato fácil. Limpo tudo, me arranho… Não queria fazer o exame. Mas disseram que eu era obrigada.”

A entrevistada ainda destacou que Jorge não tentou impedir que ela ligasse para a polícia, demonstrando calma no momento.

“Tanto que ele deixou eu chamar a polícia, né? Ele podia, com a força que ele tem, ter tirado meu telefone, quebrado meu telefone. Mas não. Ele falou: ‘Chama então que a gente vai pra delegacia’. Ele foi muito tranquilo nesse sentido.”

Delegado rebate e diz que depoimento foi espontâneo

Procurado, o delegado titular da 143ª DP, Dr. Carlos Augusto Guimarães, afirmou:

“Em primeiro lugar, quem acionou a polícia foi a própria vítima. Em segundo lugar, o crime de lesões corporais contra a mulher é de ação penal pública incondicionada. Portanto, independe de qualquer manifestação de vontade da agredida. Por fim, ela mesma prestou declarações espontâneas acerca do ocorrido em sede policial. Ocorre que, depois de o advogado do preso comparecer à delegacia, ela teria sido por ele orientada a mudar a versão, o que não foi autorizado.”

Companheira nega versão do delegado

Em resposta à fala do delegado, a companheira de Jorge negou que qualquer advogado tenha chegado à delegacia no momento em que prestou o depoimento:

“Eu não sei quem é o advogado dele. Não tenho nem noção de quem é. Eu não tenho advogado. Estou sozinha aqui, esperando por ele. Essa declaração que o delegado está dando é falsa. Eu fui embora sozinha de Uber, ninguém chegou lá. Fui embora chorando.”

Ela reafirma que ninguém a orientou a mudar sua versão dos fatos:

“Não. Eu mesma quis. Eu não queria ver meu marido preso. Tudo aconteceu por um momento de raiva, de ciúmes. Agora ele [delegado] inventar que o advogado chegou lá pra mudar minha versão? Isso é absurdo.”

E completa:

“Dentro da delegacia, eu falei que não queria ele preso. Mas eles já tinham jogado ele na carceragem. Já tinham visto a ficha dele e quiseram se promover em cima disso.”

Relembre o caso

Na terça-feira (03), Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba, foi autuado em flagrante na 143ª DP de Itaperuna, acusado de lesões corporais contra a companheira. O laudo pericial indicou lesões compatíveis com o que havia sido inicialmente informado por ela. A Polícia Civil destacou a “altíssima periculosidade” de Jorge, com base em antecedentes, e o encaminhou ao sistema prisional, onde aguardará audiência de custódia.

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